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A crise fiscal e os vereadores marajás


Estamos em crise. Essa frase faz parte do cotidiano brasileiro há pelo menos um ano. O Brasil está envolto em uma crise política e econômica, de proporções inéditas. Estamos caminhando para uma década perdida, parecida com a década de 80. Um fato lastimável e que prejudica gerações atuais e futuras.

Mas, parece que existe um bolsão anti-crise em nossa Câmara Legislativa. Os vereadores querem votar um projeto de lei para aumento dos próprios salários. Não levando em consideração a aguda crise fiscal do governo, querem aumento de seus subsídios muito acima da inflação. Explico abaixo.

Todo trabalhador deve e tem o direito de lutar por ajustes salariais, pelo motivo que a inflação corrói o poder de compra dos salários. Por conseguinte, um ajuste do valor da inflação é algo totalmente saudável. Quando o aumento é maior que a inflação, falamos que o salário teve um ajuste real. Normalmente isso ocorre devido ao aumento da produtividade dos trabalhadores ou aumento de demanda de vagas de trabalho.

Pegando como base o ano de 2015, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a mediana de reajustes salariais que pagaram a inflação ou até 1% de valorização real, foram 44% do total. O restante se divide em 14,6% abaixo da inflação e 18% acima de 1% até 2% de valorização real. E esses números demonstram uma tendência. Todo ano a grande maioria dos salários são corrigidos pela inflação e tem até 0,5% de ajuste real.

Só que essa tendência não é seguida por nosso Poder Legislativo. Com base no relatório de elementos empenhados de cada ano da Câmara, fiz um estudo sobre os reajustes salariais. Nota-se na tabela abaixo que na última legislatura – com início em 2013 -, apenas em um ano o reajuste salarial não foi real. Destacando ainda, a incrível valorização real de quase 50% no ano de 2013.

Fonte: Portal da Transparência.

Com esses números, podemos elucidar alguns questionamentos. Será que nossos vereadores estão tão produtivos assim para ter praticamente todos os anos ajustes reais? Será que em um ano de forte contração da economia e corte de gastos em áreas chaves como educação e saúde, eles precisam mesmo gastar mais em seus próprios salários? Qual a justificativa desse aumento real?

Ficam essas perguntas em aberto para, principalmente, entender a lógica econômica que está sendo seguida para os reajustes dos subsídios legislativos. E, para não ficarmos só na parte econômica, elucido o número de corte de vagas de trabalho em Salto no ano de 2015. No ano passado, foram cortados nada menos que 1.328 postos de trabalho. Levando em consideração que uma grande parte da população trabalha em outras cidades, esse número pode ser maior – visto que o número do Ministério do Trabalho contempla apenas os empregos fechados em Salto.

Em uma crise causada principalmente por políticas erradas e políticos com intenções condenáveis, esperamos pelo menos bom senso de nossos legisladores locais.

(1)Índice Nacional de Preços ao Consumidor

Fabio Jorge é Economista e Professor de Economia da Escola Humanidade (Guardinha). Pré-candidato a vereador pelo Solidariedade.

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